5D, linguagem e os novos profissionais do vídeo-jornalismo

A 5DMkII foi lançada no final de 2008. Reza a lenda foi uma surpresa até para os japoneses da Canon a revolução gerada pela capacidade de gravar vídeos em Full HD embutida nela. Eu comprei a minha em janeiro de 2009, época em que não existia controle manual de exposição e velocidade. A solução mais prática era usar lentes nikon, com diafragma manual, para poder ter controle sobre a abertura. O grande fetiche era (e continua sendo) a capacidade de ter uma profundidade de campo mínima, graças ao tamanho do sensor.
3 anos e meio depois, a canon lança a sua sucessora, a 5DMkIII, sem nenhuma revolução no formato. O principal apriomoramento técnico parece ser a capacidade do processador fazer o “downsampling” sem pular linhas, o que reduz o (de)efeito moiré. Agora dá para monitorar o áudio enquanto grava, e a saída do sinal HDMI fica em 720P rodando (ainda não é um sinal limpo das informações do visor).
A chegada da 5DmkII foi o último marco da democratização da produção audiovisual. Foi o adeus final ao “vídeo look” para o baixo orçamento.

No aspecto prático da profissão, houve uma revolução maior: A convergência de dois profissionais: o fotógrafo e o videomaker. Quem antes só fazia vídeo voltou a fotografar (meu caso), e quem só fotografava, teve que aprender, ou está aprendendo, a arte do vídeo.

No meio deste processo, surgiu uma nova linguagem de se contar histórias, que busca inspiração no cinema (composições planejadas, movimentos significativos e montagem em continuidade), ao invéis de copiar o formato ultrapassado das notícias em televisão, onde ainda se faz rádio com imagens. A foto still é incorporada como elemento principal na narrativa, e o som é usado de forma criativa. Uma empresa que soube explorar com sucesso este novo filão, foi a mediastorm. Um exemplo aqui.

Os fotógrafos foram ganhando familiaridade com as imagens em movimento, e esta linguagem foi evoluindo. No Brasil ainda falta um termo para descrever este novo formato que é chamado lá fora de “cinematic storytelling”, “visual journalism”, ou “new video journalism”. A comparação com o formato de televisão é interessante, pois a maioria dos projetos do “new jornalism” também são feitos em uma diária de captação, com uma equipe mínima, mas com o uso da tradição rica e sofisticada do cinema. Agora há espaço para personagens, conteúdo e estilo visual. Os fotógrafos deram uma bela lição aos colegas da telinha.

Este contador de histórias contemporâneo deve ser capaz de esboçar um roteiro, operar câmera, entrevistar, captar o áudio, editar, fazer títulos e vinhetas, trilha sonora, e exportar para as diversas mídias digitais. Se o realizador tem uma técnica apurada, ele é capaz de gerar estímulo para manter a atenção mesmo dentro de uma trama banal.

A tecnologia digital já foi assimilada, e está na hora de estabelecer-se novamente a primazia do conteúdo. A formação deste novo profissional, que presta serviço à história, com o ideal do cinema na cabeça, ainda está apenas começando, e este espaço vai procurar debater o tema.

No início de 2009, eu e o Luís Villaça fizemos um vídeo captado em uma manhã, contando um pouco do processo de trabalho do preparador físico Nuno Cobra. Aqui o desafio foi conseguir resumir o método criado por ele, sem cair nos clichês da televisão.

Alguns links Interessantes:

http://mediastorm.com/

http://www.dslrnewsshooter.com/category/journalism/

http://masteringmultimedia.wordpress.com/

http://www.findingtheframe.com/

http://kurtlancaster.com/

https://vimeo.com/danchung

http://www.multimediashooter.com/

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